Pesquisadores da UFV criam curativo biodegradável para tratamento de feridas
O trabalho inovador reuniu a necessidade de produtos sustentáveis na área da farmácia e novas técnicas de monitoramento e controle dinâmico do local da ferida

Uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal de Viçosa (UFV) é responsável por desenvolver um curativo biodegradável e altamente eficiente no processo de cicatrização de feridas da pele. A bandagem reúne propriedades como biocompatibilidade, atividade antimicrobiana, elevada capacidade de absorção e liberação controlada de princípios ativos. O trabalho, inclusive, por tamanha inovação, será patenteado pela UFV.
A ideia do pesquisador Marcos Pereira e seu orientador Jemmyson de Jesus era de desenvolver um tipo de biobandagem capaz de ser sustentável ambientalmente e funcional de forma avançada, superando os curativos convencionais.
“Muitos dos curativos disponíveis atualmente são produzidos com materiais sintéticos que, embora eficientes, apresentam baixa biodegradabilidade, contribuindo para o acúmulo de microplásticos no meio ambiente. Com o crescente apelo por soluções ecologicamente corretas, tornou-se urgente a busca por alternativas que aliassem desempenho terapêutico à sustentabilidade ambiental”, disse o professor Jemmyson.
O produto é detentor de um sistema único que auxilia no processo de cicatrização. De acordo com Marcos, o curativo possui uma inovação no monitoramento e controle dinâmico do local da ferida, isso aliado à substâncias já conhecidas em aplicações biomédicas, como os polímeros naturais.
A biobandagem é baseada em quitosana, albumina e própolis verde, polímeros com capacidade resistente à presença de umidade, pH ou temperatura. Os pesquisadores explicaram que o curativo é capaz de liberar o própolis sempre que necessário. Isso acontece, porque o material da bandagem é "inteligente"; ou seja, ele consegue perceber quando há mudanças no ambiente da ferida. “Por exemplo, se a região estiver muito úmida ou com aumento de temperatura, com sinais de possível infecção, a estrutura do curativo se modifica, permitindo que o medicamento seja liberado gradualmente.”
O professor Jemmyson esclareceu ainda que a biobandagem inteligente representa um avanço terapêutico importante no tratamento de feridas dérmicas. Por isso, com o apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica da UFV, os pesquisadores solicitaram a proteção intelectual da tecnologia junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
“A expectativa é de que, com a concessão da patente, seja possível promover parcerias com a indústria para a produção em escala e comercialização do produto, ampliando o acesso da população a tecnologias inovadoras, eficazes e ambientalmente sustentáveis no cuidado com a saúde”, disse ele.
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