João Salgado Amorim, pai de grandes músicos, que o sucederam – por exemplo, “Sô” Xico no saxofone e Salgadinho no trompete –, foi, por longos anos, o grande Maestro da Banda da Escola, tendo sido inclusive o autor da música do Hymno Rural da ESAV, cujo estribilho é:

Mocidade aguerrida

Da nobre ESAV exemplar,

Eia, avante, vamos todos

Conquistar

A riqueza indefinida

E a pujança varonil,

Da nossa terra querida,

Do nosso immenso Brasil!...

Foi também funcionário dos Correios, responsável pela agência da Estaçãozinha da ESAV, prédio muito bem conservado até hoje.

Maestro numa Escola Superior de Agricultura e Veterinária que não pagava em dia nem os mestres, e barnabé de um Departamento de Correios e Telégrafos que nos mantinha a todos no ora veja, o velho João Salgado Amorim – hoje nome de rua no Bairro de Lourdes – estava naquela manhã às voltas com o Inspetor, que inspecionava a agência:

• tantos selos vendidos

• tantos reembolsos entregues

• tantos vales postais pagos

Apertos sobre apertos.

Ao meio-dia, o jovem Salgadinho – que a gente conhecia como João Pequeno – vai chamá-lo para o almoço e resolve tirar um sarro em cima do Inspetor:

– Pai, a mamãe manda chamá-lo para almoçar...

E com a intenção de botar água na boca do homem:

– O lombinho está tostadinho, tostadinho...

O velho Maestro eleva o moral, dá tratos à bola e maquina: “Pô, se há lombinho, vou convidar esse Inspetor para almoçar comigo e assim – quem sabe? – ele para de me amolar”.

Fala com voz imperativa:

– Inspetor, o Senhor vai almoçar comigo!

O Inspetor topa. Topa e confidencia:

– Um lombinho tostadinho, tostadinho é irresistível...

Chegando logo ali nas Sete Casas, o Maestro e o Inspetor buscam no ar fragrância do tostadinho, tostadinho. Debalde.

O cardápio era arroz, feijão, angu...

Ah! E mingau de couve!