CIDADE

Secretário de Administração

Dando continuidade à série de entrevistas com o secretariado do prefeito de Viçosa, Raimundo Nonato Cardoso (PSD), o Folha da Mata conversou com o secretário de Administração, Luan Campos Monteiro Gomes, que também responde interinamente como superintendente de Gestão Pública e Governança.


Publicado em: 23/02/2021 às 14:34hs

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Foto: Arquivo

Luan Campos Monteiro Gomes: Comunicólogo
Por: Jornal Folha da Mata

Luan Gomes, 32, começou sua carreira na área de assessoria política em Muriaé, onde se formou em comunicação social e, mais tarde, se tornou assessor do deputado Lael Varella e depois de seu filho, Misael Varella. Luan é casado e mora em Viçosa há dois anos.

Folha da Mata: como se deu o convite para você compor a gestão de Raimundo e Tilu e qual a sua expectativa para essa gestão?

Luan: Tivemos aproximação política quando surgiu o convite para ambos comporem o PSD (Partido Social Democrátivo). A partir dali, estabelecemos uma relação de muita confiança, tanto com Raimundo quanto com Tilu. Após as eleições, eles me fizeram o convite para compor a Secretaria de Administração e ajudar na reforma administrativa. No final de dezembro me desliguei da assessoria do deputado Misael para aceitar o cargo. Acredito que seja um novo momento, de muitos desafios. Na época das gestões anteriores do Raimundo, a cidade vivenciou um momento muito bom, com recursos disponíveis, mas agora o momento é de muita cautela e responsabilidade fiscal.

FM: Como suas experiências nos gabinetes legislativos dos deputados Lael e Misael Varella podem contribuir com o Poder Executivo de Viçosa?

Os gabinetes dos deputados Lael e Misael me proporcionaram um contato muito próximo com gestão pública. Foram anos de contatos com prefeituras, relacionamentos, resolução de problemas, envio de emendas, coordenação de equipes e monitoramento. Temos muitos bons exemplos de gestões municipais nas quais podemos nos espelhar para fazer uma gestão financeiramente tranquila em Viçosa.

FM: Você foi membro da comissão de transição nomeada pelo prefeito Raimundo. Qual avaliação você faz dos trabalhos da comissão, sobretudo em relação ao diálogo com gestão passada?

Os trabalhos foram tranquilos. Não tivemos problema com gestão anterior. Buscamos informação de caráter construtivo, não buscamos erros. Vamos sim corrigir o que não está dentro do padrão que a gente considera ideal. Foi com essa filosofia que entramos na comissão, pra gente poder iniciar a gestão com um norte, conhecendo o que a prefeitura tinha executado e estava executando. O trabalho foi tranquilo, todas as informações solicitadas nos foram concedidas.

FM: Quais problemas vocês identificaram enquanto comissão de transição e agora oficialmente na gestão da Prefeitura que possam dificultar o bom andamento da atual gestão?

Identificamos problemas gerais, mas principalmente morosidade dos processos. Precisamos construir uma cidade mais inteligente, mais eficiente. O Iplam é um exemplo de morosidade que queremos solucionar, estabelecer processos mais ágeis, sistemas de atendimento online, à distância, dar mais agilidade. Hoje consideramos que há na Prefeitura de Viçosa uma burocracia que causa um atraso de anos em relação a outras prefeituras que já avançaram nisso.

FM: Toda nova gestão começa o mandato propondo uma reforma administrativa. Sabemos que vocês estão preparando um Projeto de Lei para enviar à Câmara. O que você pode nos adiantar sobre essas mudanças na estrutura administrativa da Prefeitura?

Vamos sim reformar alguns pontos que não consideramos bacana, como a Superintendência de Gestão Pública e Governança, que será extinta com a volta da Secretaria de Governo. Queremos trazer outra estrutura de organograma para trabalhar com base no que a gente pensa e definiu como modelo de administração, que é uma gestão mais descentralizada. [matéria completa na página 00]

FM: Quais as metas e prioridades da gestão para os primeiros meses de 2021? Haverá continuidade aos compromissos firmados na gestão anterior?

Temos a visão de uma prefeitura contínua, que não termina no dia 31 de dezembro e se inicia no dia 1º de janeiro de 2021. Herdamos obrigações de gestões passadas e certamente vamos repassar para gestões futuras. Nesse momento estamos traçando um diagnóstico, agora com poder de tomada de decisão, sobre as obras, sobre a situação financeira, para dar luz à população. Nosso planejamento inicial é dar sequência ou não a tudo aquilo que veio da gestão passada, sejam processos licitatórios, contratos, convênios com entidades, obras, entre outros. Não vamos criar nenhum gasto excessivo sem antes cumprirmos os compromissos anteriores da Prefeitura.

FM: A gestão passada afirmou ter entregado a Prefeitura com recursos em caixa e pagamentos em dia. Vocês já tem uma avaliação mais precisa da saúde financeira da Prefeitura?

Começamos a gestão já com o compromisso de quitar a primeira folha de pagamento, ainda referente a dezembro, e fizemos isso com muita cautela, porque não há dinheiro sobrando. A questão que foi falada sobre os 30 milhões em caixa, não confirmamos nem discordamos. Para a população ficou a impressão de que havia esse recurso em caixa, mas muito desse montante é recurso vinculado e também haviam muitas obrigações a serem pagas. Mas sim, podemos afirmar que os compromissos da Prefeitura com seus servidores e fornecedores estão em dia. Agora estamos avaliando cada fonte e destinação de recursos, repasses a Iprevi, Imas, financiamentos, dívidas, e de uma certa maneira estamos conseguindo equilibrar de forma justa.

FM: Diante da crise financeira potencializada pela pandemia, como será a gestão dos recursos próprios e quais serão as estratégias para conquistar recursos de outras esferas?

Estamos trabalhando a questão dos impostos com muita sensibilidade com o contribuinte. Decidimos manter o parcelamento do IPTU, como no ano passado, para dar um pouco mais de flexibilidade no pagamento. A arrecadação nesse início de ano está boa, sobretudo devido aos repasses do IPVA que o governo do Estado está fazendo em dia. Com relação a recursos de outras esferas e emendas parlamentares, afirmo que nós não vamos fechar a porta pra ninguém, pelo contrário, temos compromisso com quem tem compromisso com Viçosa. Vamos acolher as emendas, não importa de qual vertente seja o deputado, e vamos dar as publicidades devidas. Hoje temos que defender Viçosa, como diz o prefeito Raimundo, quem vier pra contribuir, vamos abraçar. Temos recebido já vários contatos de deputados, como do Misael, Roberto, Rodrigo, Coronel Henrique, Padre João, Fred Costa, e com todos esses possuímos uma relação surpreendentemente ótima.

FM: Como vocês avaliam a nova composição da câmara e a eleição da mesa diretora? Como está a relação dessa gestão com o Legislativo? O líder do Executivo já foi definido?

Os vereadores tiveram a felicidade de escolher para presidente um vereador que já tem experiência na casa, a gente parabeniza o Edenilson pela eleição, ele que tem foco no trabalho social, assim como o prefeito Raimundo, por isso acredito que será uma relação muito boa. Já temos recebido a visita de vereadores, da base e também de outros grupos, temos mantido diálogo e tentado atender e discutir as soluções das indicações com o máximo de sensatez. É uma relação de parceria, nós precisamos deles. E tudo que eles solicitarem, que for em benefício da população e dentro da legalidade, nós vamos fazer. Em relação ao líder do Executivo, é um anúncio que será feito pelo Raimundo, mas ainda não há essa definição.

FM: A legislação federal que estabeleceu um teto de gastos para toda a administração pública também dificulta a realização de concursos públicos. Qual saída vocês enxergam para esse problema? Terceirizações e concessões dos serviços públicos municipais estão na pauta?

Não tenho uma opinião definida sobre ser contra a favor de terceirizações, mas afirmo que cada caso tem sua especificidade. No caso do terminal rodoviário, por exemplo, onde aconteceu aquele problema com os operários irregulares, achamos a saída na terceirização. Vamos contratar uma empresa para gerir aquele espaço, cuidar da limpeza, segurança, etc. Ainda sobre a rodoviária, temos o compromisso em resolver essa questão com a futura concessão do serviço para que seja construído um novo terminal. Também avaliamos a concessão da gestão de outros serviços, como o aeródromo e o Parque do Cristo, mas ainda não há nada de concreto. Em breve vamos precisar realizar a concessão do serviço funerário e também reiniciar o processo de concessão do transporte coletivo, assunto que inclusive ainda não temos um parecer definido sobre.

FM: Para avaliar o desempenho dos servidores em cargos de chefia, a gestão passada chegou a utilizar um sistema robusto de metas e pontuações. Como será a relação desta gestão com os servidores efetivos e comissionados?

Nosso sistema de gestão é mais descentralizada, por isso queremos extinguir a superintendência. Não queremos super-secretários, ninguém é maior que o Município. Já existem comissões que cuidam da avaliação e do monitoramento dos servidores efetivos, inclusive tais comissões foram recompostas. Os comissionados estão em constante avaliação. Cada secretário tem autonomia para detectar carências e fazer trocas, se necessário. Fazemos reuniões constantes entre nós secretários, discutimos temas pertinentes e queremos buscar uma boa regulamentação para proteger o servidor. Vejo que falta humanismo e apoio psicológico aos servidores, são coisas que nos preocupamos muito. Vamos estruturar os setores para que possamos ter direito de cobrá-los. O serviço que eles prestam dentro do que lhes é oferecido já é muito além do que o esperado.

FM: Qual mensagem o secretário de Administração e Planejamento Estratégico deseja passar aos viçosenses que acompanham a gestão com desconfiança?

A eleição já passou. Eu sei que a gente polariza muito as coisas, mas pedimos à população paciência pra que a gente possa entender o funcionamento da gestão anterior, corrigir problemas e dar continuidade ao que deu certo. Nosso plano A, B e C é proteger a população durante a pandemia, preservar vidas, empregos e tentar atender o anseio de todos. Críticas e sugestões são sempre bem vindas. Como diz o prefeito Raimundo, quem quiser ajuda Viçosa, venha. Queremos remar junto, com legalidade e transparência.