EDUCAÇÃO

Há 1 ano ano, Viçosa fechava comércio e instalava barreiras sanitárias

Na época, o município foi um dos primeiros em MG a adotar medidas mais severas


Publicado em: 19/03/2021 às 11:00hs

Há 1 ano ano, Viçosa fechava comércio e instalava barreiras sanitárias
Foto: Arquivo

As recentes medidas impostas pela Onda Roxa não são novidade para o viçosense. Desde quando o vírus começou a engatinhar em território mineiro, medidas municipais foram adotadas com a justificativa de atrasar a chegada da doença para que a rede de saúde local se estruturasse.

No dia 18 de março de 2020, o ex-prefeito Ângelo Chequer (PSDB) publicava o primeiro de uma série de decretos que culminaram no fechamento de boa parte dos serviços e comércios da cidade por quase um mês. Até aquele momento, Viçosa não possuía nenhum caso positivo de Covid-19 registrado. As primeiras confirmações foram feitas no dia 23 de abril.

Na mesma semana, foram instaladas as barreiras sanitárias nos acessos ao município, tanto em rodovias quanto nas estradas rurais. Durante seis meses, postos de fiscalização foram montados, com a presença de fiscais e seguranças, gerando gastos públicos que até hoje são questionados por parte da população.


SEM AULAS E SEM TRABALHO

Nesta semana completa um ano em que o DJ Carlos Antônio de Souza não realiza nenhum evento. O profissional atua na área há 26 anos e é morador do distrito de Cachoeira de Santa Cruz. Ele diz que ainda vai ter que devolver dinheiro que havia recebido adiantado de alguns clientes que cancelaram os eventos ao longo do ano.

Carlos se lembra dos últimos eventos dos quais participou, em março de 2020. Foram duas festas de aniversário, com bastante gente, ninguém de máscara. Uma realidade diferente do que é visto hoje: “em uma das festas tinha gente de fora do país e isso me deixou preocupado porque o vírus estava mais espalhado por lá. Mas, nunca imaginei que a pandemia chegaria tão longe aqui no Brasil”.

whatsapp-image-2021-03-17-at-165429Carlos está há 1 ano sem trabalhar em eventos. Setor é severamente afetado pela pandemia

Mesmo com os incentivos e as possibilidades de trabalho remoto, por meio da internet, o setor de eventos, assim como o de educação, ainda estão gravemente afetados pela pandemia, um ano depois. Outros setores também sofreram por longo período e voltam a sofrer com a proibição de funcionamento, entre eles, os buffets e demais empresas ligadas a eventos; o cinema, que está há um ano fechado; o comércio em geral, que voltou a ter severas restrições de funcionamento; e os restaurantes e bares, que voltam a ter que se virar para poderem manter seus negócios funcionando e pagam vultosas quantias em alugueis, sem poder receber clientes em seus estabelecimentos.

Poucos avanços no controle da pandemia no último ano refletiram no saldo negativo da criação de empregos formais, e no fechamento de oportunidades de trabalho informal. De março a dezembro, Viçosa fechou 562 postos de trabalho formais, com mais demissões que contratações. Em abril e junho, os números de demissões foram os mais altos de 2020.

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) suspendeu as aulas presenciais no dia 14 de março do ano passado. Pouco depois, o estudante Emanuel Vargas voltou para a cidade natal, em Itaperuna, no interior do Estado do Rio de Janeiro, distante 150 quilômetros de Viçosa.

O estudante continua vinculado à UFV, fazendo as aulas online do Período Especial Remoto e lamenta se formar sem retornar à cidade: “nesse último ano, poderia ter chance de aproveitar mais oportunidades na cidade, fazer estágios e concluir a graduação como imaginei que seria no começo do curso. Mas, entendo que a medida foi necessária”.

Até o início desse mês, Emanuel continuava pagando o aluguel do apartamento em Viçosa, graças a um desconto dado pela imobiliária. Mas, assim como milhares de outros estudantes da UFV, optou por encerrar o contrato e cortou todas as despesas com a casa, que chegavam a pouco mais de mil reais por mês.


DIMINUIÇÃO DE LEITOS

Neste primeiro ano de pandemia, Viçosa chegou a anunciar que dispunha de 50 leitos clínicos e outros 17 leitos de UTI, além de uma unidade de triagem, todos destinados exclusivamente ao tratamento de pacientes com Covid. Naquela época, os números da doença ainda eram tímidos, e agora que estão assuntando toda a sociedade, o que vemos é uma diminuição drástica na oferta de leitos no único hospital da cidade (HSJB), que atende pacientes com a doença, que chegou a anunciar há 2 semanas que estava com todos os seus leitos de UTI ocupados.

Na semana passada, foi anunciada a abertura de 07 novos leitos de UTI no Hospital São Sebastião (HSS). De acordo com a Prefeitura, a habilitação dos leitos estava em fase avançada, com prazo de iniciar o funcionamento ainda em março. O custo para a manutenção dos novos leitos estaria em torno de R$ 300 mil.