CIDADE

SOLENIDADE DE PENTECOSTES

Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho* *Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.


Publicado em: 24/05/2021 às 09:39hs

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A solenidade de Pentecostes, cinquenta dias após a Ressurreição de Jesus, comemora a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. Depois de sua ressurreição, Jesus apareceu várias vezes aos seus discípulos, continuando a instruí-los, sendo que no dia da Ascensão os enviou em missão para proclamar o Evangelho a toda criatura, lhes tendo prometido a assistência do Espírito Santo. Jesus foi claro:” Quando vier o Confortador que eu enviarei lá do Pai, o Espírito da Verdade, que do Pai procede, Ele dará testemunho de mim. E vós também dareis testemunho de mim” (Jo 15, 26).  O dom do Espírito Santo ocorreu   em sequência ao dom da Lei e a Igreja é o novo povo de Deus que sucede ao povo de Israel. A Boa Nova trazida por Jesus não marcou uma ruptura com a aliança   concluída entre Deus e Israel.  Pelo contrário, ela é o cumprimento, o aperfeiçoamento, o acabamento desta aliança que doravante não estava mais reservada apenas ao povo judeu, mas, através da Igreja se estenderia a todos os povos. No dia de Pentecostes   os Apóstolos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, sinal também desta admirável universalidade, notável catolicidade. Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja tem por vocação acolher e reconciliar todos os povos. O Espírito Santo veio para dar aos Apóstolos a força e o dinamismo para difundir a Boa Nova. Isto se deu de uma maneira espetacular: “Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam reunidos “e veio subitamente, do céu, um ruído, semelhante a um sopro de vento impetuoso que encheu toda a casa onde eles estavam. E apareceram-lhes línguas divididas e a maneira de fogo e pousou uma sobre cada um deles e ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas segundo o Espírito lhes concedia que se exprimissem (Atos 2, 2-5). Assim é que age a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, com energia, mas com muita eficiência. Eis porque aqueles que estavam trancados dentro de casa por medo dos judeus são enviados a corajosamente pregar o Evangelho e a afrontar perseguições e o martírio. Anunciaram então, prontamente que Jesus havia ressuscitado e que Deus é amor e, na verdade, pregação a ser feita não só em Jerusalém, mas toda parte. Para nós, cinquenta dias depois da Páscoa, celebramos a descida do Espírito Santo não só sobre a Igreja nascente, mas também sobre a Igreja de hoje, pois este é um acontecimento que se repete dado que a Igreja tem necessidade de um Pentecostes perpétuo. De fato, todos os dias nosso coração precisa estar repleto do Espírito Santo para um apostolado eficiente lá onde Deus colocou cada um de nós. Há necessidade de que o Espírito Santo venha para transformar nossos hábitos, nossas rotinas com seu sopro vivificador, modificador. Ele vem para mudar corações de pedra em corações de carne, isto é, corações que se deixam transfigurar pela vontade divina. O ruído da chegada do Espírito Divino é para acordar sonolências que impedem o progresso espiritual. possibilitando passar do medo para a segurança, da fraqueza para a audácia de partilhar a fé, a esperança e o amor a Deus. Ele dá coragem para falar quando não se deve calar, testemunhar quando é preciso proclamar as maravilhas do Evangelho e as grandezas da verdadeira Igreja de Cristo sem apoiar as misérias morais difundias pelos meios de comunicação social. O Espírito Santo, que transformou os Apóstolos em um instante, é capaz a de continuar a modificar os cristãos para transformar o mundo na verdade que Jesus veio trazer a esta terra. Trata-se de ajustar cada batizado plenamente aos desígnios de Cristo. É preciso que o verdadeiro cristão não viva numa zona de conforto, quando tantos males campeiam em seu derredor, exigindo uma ação sábia de quem ama a Jesus. Daí a importância dos sete dons: a sabedoria, a inteligência, o conselho, a fortaleza, a ciência, a piedade e o temor de Deus. Será então possível usufruir o que São Paulo preconizou, a saber, amor, alegria, paz paciência, bondade, benevolência, fidelidade, doçura e domínio próprio (Gl 5, 22-25), Isto significa então viver resolutamente, marchar decididamente sob as luzes da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Trata-se de corresponder à abundância da graça divina com a qual o fiel se repleta das luzes celestiais comunicadas do Alto. Passa reinar então a harmonia pessoal e a compreensão no meio no qual se vive. Nada a impedir a multiplicidade e as diferenças porque o Espírito Santo é unificador, levando a degustar tudo o que é correto. Ele está sempre a lembrar que não são as conquistas científicas, os progressos tecnológicos que resolverão   os problemas da união entre os povos ou a harmonia entre as pessoas, porque o que se deve buscar é colocar em prática a linguagem universal da dileção mútua.  Cumpre pedir ao Espírito de Pentecostes que desça de novo sobre a terra e ensine a toda a humanidade a linguagem do amor que dele procede, a qual é a única que pode unir e salvar, impedindo as incompreensões, as dissenções,