Um acidente de trânsito ocorrido por volta das 20 horas de domingo, 10, nas proximidades do Campo da Colônia Vaz de Melo, na rodovia MGC-482, zona rural de Viçosa, deixou um motoqueiro de 59 anos gravemente ferido e expôs a frágil estrutura de atendimento de urgência dos hospitais de Viçosa, onde esforços estão sendo aplicados na implantação de um Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), mas faltam médicos nos Pronto Atendimentos dos dois hospitais e nos centros de saúde dos bairros.

No acidente, o condutor da Honda/NXR 150 Bros vermelha, placa HLD-1644, seguia da região da Piuna para Viçosa, quando perdeu o controle da moto, caiu e bateu em um barranco. 

Um homem que estava em um bar, próximo ao local do acidente, ouviu um estrondo e saiu para ver o que havia acontecido, quando se deparou com a vítima caída na canaleta que margeia a pista, sem capacete, com sangramentos pelo ouvido e cabeça e com escoriações.

Ele contou aos policiais que, logo depois do estrondo, avistou um veículo passando em alta velocidade, não sabendo se este estaria envolvido no acidente. 

A vítima foi socorrida por Bombeiros Militares e encaminhada para o Hospital São João Batista, já que o Hospital São Sebastião, que é referência em atendimento de vítimas de acidente de trânsito, estava sem médicos de plantão e com as portas fechadas. 

Para agravar ainda mais o estado de saúde da vítima, ela teve que ser transferida do HSJB para o HSS, para fazer exames de imagem, já que o hospital que a acolheu não mais possui estes recursos. Findos os exames, chegou-se à conclusão de que a vítima teria que ser transferida para o Hospital Arnaldo Gavazza Filho, em Ponte Nova, devido a seu grave estado de saúde, o que aconteceu somente por volta das 7 horas de segunda-feira, 11, pois a família da vítima conseguiu uma ambulância UTI para a remoção, mas na noite de domingo não havia em Viçosa, médicos disponíveis para acompanhar o paciente até o hospital de destino. 

Ela permanece internada em estado grave no CTI do Hospital Arnaldo Gavazza, em Ponte Nova. 

O que diz 

o Hospital

A Casa de Caridade de Viçosa, mantenedora do Hospital São Sebastião, emitiu nota de esclarecimento, onde alegou que “apesar de nossos esforços, a escala de médicos plantonistas do Pronto Atendimento sofreu considerável baixa de oito médicos que interromperam a prestação de serviços alegando motivos pessoais”.

Em entrevista concedida ao Folha da Mata, a diretora Administrativa do HSS, Ildamara Gandra de Menezes, disse que o fechamento do setor de urgência se deu pelo afastamento de três médicos, por motivos pessoais e de outros cinco, por encerramento da Residência Médica.

Ildamara falou também que, diferente do que circula em várias redes sociais, a questão do fechamento do setor e meramente administrativa e de responsabilidade do hospital, nada tendo a ver com a administração do Município.

O HSS afirmou que até as últimas horas antes de iniciar os plantões de domingo, seus administradores tentaram contato com inúmeros médicos, sem sucesso. 

Eles afirmam ainda que “todos os esforços estão concentrados na contratação de novo médicos, mas esbarraram na falta de profissionais para assumir plantões no Pronto Atendimento.

O que diz a PMV

De acordo com o secretário Municipal de Saúde, Rainério Fontes, os recursos federal, estadual e municipal repassados aos hospitais, previstos nas contratualizações formalizadas, são pré fixados e pós fixados, respeitando o teto orçamentário pactuado no exercício financeiro. Segundo ele, é repassado, mensalmente, ao Hospital São Sebastião o valor de R$1.642.928,59 e ao São João Batista a importância de R$1.147.656,93.

O secretário informa, ainda, sobre a existência de uma Comissão de Avaliação da Contratualização que fiscaliza, quadrimestralmente, o cumprimento das metas pactuadas com os hospitais.

A Secretaria Municipal de Saúde faz os ajustes necessários para o cumprimento da aplicação dos recursos, realiza os repasses mensais e fiscaliza o cumprimento do pactuado.