EDUCAÇÃO

Esedrat registra evasão após imposição de tempo integral no Ensino Médio

Alunos que trabalham em meio expediente saíram da escola após Estado não permitir a manutenção de turmas regulares na Esedrat.


Publicado em: 11/03/2022 às 16:35hs

Esedrat registra evasão após imposição de tempo integral no Ensino Médio
Foto: arquivo

Dezenas de alunos não renovaram matrícula na Escola Estadual Raimundo Alves Torres (Esedrat) neste ano, após a descontinuação de turmas regulares para os três anos do Ensino Médio. Por determinação da Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), a partir de 2022 as escolas que aderiram ao Ensino Médio Integral não podem mais oferecer turmas regulares, que ocupam apenas um turno (geralmente pela manhã) do dia dos alunos.

Dessa forma, de acordo com a diretora Silvia Bellato, os alunos que trabalham em regime de meio período ou que possuem vínculo de estágio ou jovem aprendiz não renovaram matrícula na escola, devido à impossibilidade de frequentarem as aulas do contraturno (período da tarde).

A diretora explicou à reportagem que o colégio oferece a modalidade de tempo integral para o Ensino Médio desde 2019, quando o programa foi apresentado à escola. “A adesão foi espontânea, mas imaginávamos que as turmas regulares fossem mantidas, atendendo às distintas necessidades dos alunos, mas no final do ano passado fomos surpreendidos com esta impossibilidade”, salientou
Silvia.

A Esedrat chegou a ter nove turmas de 1ª série do Ensino Médio, quando a escola ofertava apenas o ensino regular. Agora, a escola possui apenas três turmas de 1ª série.

A diretora demonstrou preocupação ao relatar também que não há registro de aumento de turmas nas demais escolas estaduais da cidade, o que ela entende como um possível sinal de evasão escolar, ou seja, esses alunos que saíram da Esedrat provavelmente interromperam os estudos. Agora, a comunidade escolar pede à SEE autorização para a recriação de turmas regulares. A escola chegou a anunciar vagas para uma turma no período da noite, inclusive com veiculação np Folha da Mata, no entanto, segundo a diretora, não houve interessados suficientes para abrir a turma.

PAUTA NA ALMG

O assunto chegou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), mais especificamente ao gabinete da deputada Beatriz Cerqueira (PT), que é presidente da Comissão de Educação Ciência e Tecnologia.

A demanda foi levada pelo vereador Bartomélio da Silva Martins (PT), que também é professor na Esedrat. Para a deputada, a proibição, por parte do Governo do Estado, de coexistir o ensino regular e ensino em tempo integral é grave: “é preciso ter as duas opções à juventude, exatamente porque, com a pandemia e o agravamento da crise econômica, muitos jovens estão no mercado de trabalho,
mesmo que informalmente, de modo que, pela sobrevivência, eles não vão deixar de trabalhar. Então, a escola precisa sim continuar ofertando o ensino regular”, enfatizou a parlamentar.

A deputada informou à reportagem que formalizou à SEE a solicitação da escola e que, a depender da resposta, vai convocar uma audiência pública para ouvir a comunidade da Esedrat e outras escolas mineiras que passam pelo mesmo problema. O requerimento da audiência foi aprovado pela comissão de Educação Ciência e Tecnologia da ALMG.