CIDADE

Fake News na Câmara de Viçosa

Representantes de vários órgãos da imprensa viçosense participaram da reunião onde o presidente, em nítida tentativa de intimidar a imprensa, fez ataques velados ao Folha da Mata e à liberdade de expressão


Publicado em: 17/06/2022 às 10:45hs

Fake News na Câmara de Viçosa

O presidente da Câmara, Edenilson José de Oliveira (PSD), encorajado pela assessora de Comunicação da Câmara, Mônica Bernardi Pellizzaro Reis, convocou uma reunião com a imprensa com a promessa de se discutir um tema bastante atual e importante: as Fake News. 

O evento, que aconteceu nas dependências da Câmara, teve início às 15 horas de segunda-feira, 13, e foi prestigiado com representantes de vários veículos de imprensa de Viçosa, entre eles, o jornal Folha da Mata, as rádios Montanhesa e 95FM, o Jornal Compacto, os portais Viçosa Urgente e Primeiro a Saber. Causou estranheza a ausência de um representante da TV Viçosa, que é um dos veículos de imprensa mais elogiados pelo presidente da Câmara. 

Durante o desenrolar da reunião, ficou clara a intensão dos organizadores, quando surgiram tentativas de se macular a imagem do jornal Folha da Mata, com um jogo de indiretas feitas pelo presidente da Câmara e sua assessora Mônica, que ocupa o cargo em confiança desde 2009 e é uma das recordistas em pagamento de diárias da Casa (em 2022, foram R$ 10.917, segundo o Portal da Transparência da Câmara).

Mais uma vez, o presidente e sua assessora tiveram que ser orientados pelo assessor jurídico da Câmara sobre o propósito da reunião, principalmente quando Edenilson citou que estava processando o jornal Folha da Mata, deixando mais uma vez claro que não sabe distinguir as atribuições do seu cargo com as de sua vida pessoal.

E os vereadores? Alguns estiveram presentes, mas como bem lembrado pelo presidente, como convidados. Isso é, sem direito a vez e a voz. Se a mensagem foi direcionada ao povo, os vereadores são seus legítimos representantes e deveriam ter participação ativa nos acontecimentos e não meros figurantes de uma peça, ao que parece, mal ensaiada.

Pois bem, o foco nas entrelinhas foi o Folha da Mata, na oportunidade citado como “aquele jornal”. As “mentiras”: o jornal escreveu aumento de salário, no lugar de reajuste salarial. -  Será que com o “reajuste” os salários continuaram os mesmos, ou houve alguma alteração? Mudando de ramo, no caso de aluguel, quando há um “reajuste”, o inquilino reclama muito, ao pagar mais. No comércio, quando há “reajuste de preço”, o consumidor que não tem reajuste, tem que diminuir os itens de sua cesta básica.

Outra “mentira” do jornal citada na ocasião: a contratação, via empresa terceirizada, de assessores parlamentares (ou auxiliares dos vereadores). Neste sentido, ficam as perguntas: quem são? Onde vivem? Quanto ganham? A Câmara ainda não liberou as informações, se é que existem informações. Quanto às informações, é bom lembrar que antigamente (bem antigamente), havia um verdadeiro embate entre os profissionais da imprensa para antecipar o fato (furo de reportagem). Hoje, com o advento da internet e a velocidade das informações, o importante é o enfoque que se dá à notícia. E isso, quem julga é o leitor, o ouvinte, o telespectador.

A propósito, como mencionado durante a reunião, o jornal Folha da Mata tem encontrado dificuldades em conseguir informações com a assessoria da Câmara, já que, há algumas semanas, precisa direcionar ofício ao presidente da Casa para que ele autorize seus “subalternos” a responder os questionamentos do jornal. Sim, pelo visto a Câmara agora tem dono e os outros 14 vereadores não se atrevem a questionar nenhuma de suas atitudes, mostrando que, ou concordam com os desmandos, ou com eles são coniventes.

Diante de mais esta tentativa de se macular sua imagem e de se promover a de políticos e de funcionário comissionado da Câmara, o jornal Folha da Mata esclarece que o papel da imprensa é o de deixar a população ciente dos fatos e não o de bajular o poder (que emana do povo e em nome do povo deve ser exercido, como bem lembra a Constituição que norteia o nosso País). Acreditamos que daí vem a credibilidade que o jornal ostenta, há quase 60 anos. Neste tempo, renomados legisladores e profissionais de tantas tendências e áreas de atuação usaram nossas páginas para expressar ideias e apresentar seus trabalhos em prol da população. 

História se faz com fatos coletivos reais e não com caprichos individuais.