A obras da construção da Estação de Tratamento de Esgoto de Viçosa (ETE-Barrinha) foram aceleradas a partir de abril e a construtora responsável vem cumprindo as etapas do cronograma previsto, com reais possibilidades de que a estrutura esteja pronta até meados do próximo ano.

A informação foi dada pelo diretor-presidente do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de Viçosa, Marcos Nunes Coelho Junior em visita ao canteiro de obras na terça-feira, acompanhado do engenheiro civil, João Lucas Lima Aquino Ganem, assessor técnico da Diretoria de Engenharia e Manutenção da autarquia.

Marcos disse ainda que, na realização das obras da ETE-Viçosa, existem dois contratos vigentes: um com a empresa executora, Perfil Engenharia Ltda, de Belo Horizonte; e outro com a empresa fiscalizadora, Fraga Marques Engenharia Ltda, de Muriaé, que acompanha todas as informações dos contrato e do andamento das obras. Esta última, foi uma exigência da CEF - Caixa Econômica Federal, financiadora do complexo. Na sexta-feira, 24, a própria CEF, enviou ao local uma equipe técnica para vistoriar os trabalhos. O Saae também faz o acompanhamento técnico, além de receber relatórios diários da empresa executora. 

Até o momento, encontram-se em fase bem adiantada a construção dos reatores anaeróbicos de fluxo ascendente (Rafa), filtros biológicos, decantadores, leitos de secagem, estação elevatória, tanque de tratamento preliminar e laboratório para análise de rotina. Além disso, está sendo feita terraplenagem para futura ampliação do complexo e foi construída no local uma pequena fábrica de bloquetes, para a pavimentação de áreas destinadas a diversos tipos de tráfegos na área da ETE.

A retomada das obras só foi possível após o município atender a uma solicitação de readequação de projetos, com reequilíbrio financeiro no contrato assinado, por parte da empresa Perfil engenharia, que justificou a reivindicação alegando o aumento de preços de cimento e ferragens. O valor atual da obra está em cerca de 25 milhões. 

Interceptores

Desde 1999, o Saae vem realizando obras de interceptação de esgotos sanitários ao longo do ribeirão São Bartolomeu e seus afluentes e cerca de 10 km desses interceptores já foram concluídos. O diretor também informou que, pronta, a ETE-Viçosa será responsável pelo tratamento de aproximadamente 60% dos esgotos gerados pela população urbana. A previsão de atendimento é de 80% da população à medida que aproximadamente 15 km dos demais trechos de interceptores sejam construídos.

ETEs locais

Além da ETE em construção, outras pequenas unidades de tratamento de esgotos já estão em funcionamento no complexo habitacional das Coelhas (Coelhas I e II), Romão dos Reis, Violeira e, mais recentemente, Novo Paraíso, todas de responsabilidade do Saae. Há também indicações para que todos os condomínios novos, mais afastados do centro, construam suas próprias unidades de tratamento de esgoto, ou liguem na rede da autarquia, o que for mais viável economicamente. Com essas unidades paralelas, afirma Marcos, o objetivo é que, no futuro, todo o esgoto do Município seja tratado.

Para lembrar

Em 2010, Viçosa participou do processo de seleção do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), tendo sido selecionada em 2011. Em novembro daquele ano, a contemplação do recurso pelo município se concretizou com a assinatura do Termo de Compromisso com o Ministério das Cidades/Caixa Econômica Federal, cujo objeto foi a ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário de Viçosa com a construção dos interceptores, elevatória e de uma estação de tratamento. À época foram disponibilizados para a execução das obras R$ 13.774.713,03.

Iniciada em 2014, a construção da ETE-Barrinha foi interrompida por questões técnicas, legais e estruturais, o que levou ao cancelamento do contrato com a empresa responsável e posterior demolição das obras já edificadas. No final de 2019, com os trabalhos de sindicância finalizados e novo projeto aprovado, foi realizado o processo licitatório para contratação de nova empresa sagrando-se vencedora a Perfil Engenharia Ltda, que recebeu a ordem de serviço em janeiro de 2020, com previsão de entrega da obra em janeiro de 2022. O valor inicial da construção foi estimado em, aproximadamente, R$ 20 milhões. 

Marcos Nunes

Entrevista

Ainda sobre a ETE e os interceptores de esgoto, o Folha da Mata fez uma pequena entrevista com o diretor presidente da autarquia:

FM: O SAAE tem projetos para tratamento de esgotos em outros bairros e distritos da cidade como Santo Antônio, João Braz, Silvestre, Novo Silvestre, Nova Viçosa, São José do Triunfo e Cachoeirinha? - Tem previsão de início das obras?

MN: Novo Silvestre, Cachoeirinha e São José do Triunfo vão ter estações de tratamento de esgoto próprias. Atualmente, conseguimos um recurso da ordem de R$340 mil com a Agevap - A Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (filial Governador Valadares, denominada Agedoce – Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia do Rio Doce) e estamos num processo de contratação junto a Universidade Federal de Viçosa para elaboração de projetos para estas três estações. Mas ainda é fase de projeto. Após esses projetos prontos é que o SAAE vai tentar captar recursos para poder executar essas três obras.  

Nova Viçosa já tem interceptor que interligará ao interceptor principal. Nos outros bairros (Santo Antônio, João Braz e Silvestre), os interceptores serão construídos após a interligação do interceptor principal e ainda não temos previsão para o início dessas obras. 

FM: E a interligação da rede de interceptores de esgoto do ribeirão da Conceição com o São Bartolomeu, nas imediações da Praça Mário del Giudice?

MN – A interligação da rede interceptores do Ribeirão da Conceição com o São Bartolomeu já está pronta. O esgoto, inclusive, já passa na rede interceptora. Nós recolhemos o esgoto que vem ali do Ribeirão da Conceição, Bairro de Fátima tudo pelo interceptor, que passa por baixo (da praça) a partir daquela parte do posto (de combustível), que caiu, e interliga ali mais ou menos aos fundos do “Shopping Chequer” ao interceptor que vem da região da UFV.

FM: E quanto a rede de interceptores danificada, quanto o SAAE já recuperou? 

MN: Realmente, os últimos temporais em Viçosa causaram danos em boa parte da rede de interceptores já construída. Alguns tubos foram totalmente danificados e outros puderam ser reaproveitados. É um trabalho ainda em continuidade. Boa parte do serviço já foi executada e nossos servidores estão empenhados em resolver o problema de forma definitiva. 

FM - A empresa que está construindo a ETE irá operar o sistema por alguns meses após a entrada em funcionamento para assegurar se todo o sistema está funcionando?

MN: A gente tem conversado sobre isso, mas há tanta coisa a resolver que ainda não temos um planejamento. Provavelmente não será a mesma empresa. A Perfil vai nos entregar a ETE pronta e, a partir da entrega, é o Saae quem deve operar. Esta questão ainda não está decidida. Mas a princípio é isso: ela entrega a usina e o Saae passa a operar.