CIDADE

Começa o racionamento de água em Viçosa

Decreto foi assinado pelo prefeito na manhã de hoje, sexta-feira,10


Publicado em: 10/10/2014 às 05:37hs

Começa o racionamento de água em Viçosa

O prefeito Ângelo Chequer decretou situação de emergência no município de Viçosa devido à crise no abastecimento d’água potável à população do município, gerada pela prolongada estiagem que vem atingindo a cidade e região. O novo diretor-presidente do Saae, Antônio Lima Bandeira, reuniu a imprensa na manha desta sexta-feira para falar sobre a crise no abastecimento e garantiu que todo esforço será feito para evitar o colapso total do abastecimento. O abastecimento por rodízio é parte desse esforço.

Bandeira, em sua explanação, destacou que há vários meses Viçosa, a exemplo de inúmeros outros municípios do sudeste brasileiro, vem enfrentando problemas com a produção de água, e, com isso, problemas com o abastecimento. Segundo ele, as duas estações de tratamento de água do município, ETA I, no Alto Belo Bela Vista, e ETA II, sistema da Violeira, encontram-se com volume de água bem abaixo do volume histórico para esta época do ano. A situação pior, disse, é a da ETA I, que abastece os bairros altos da cidade, entre eles o Santa Clara, e também a região central, bem como a Universidade Federal de Viçosa, cuja capacidade de produção caiu de 300 litros por segundo para estimados 37 litros por segundo. Com esta diminuição, a UFV se viu obrigada a reduzir seu consumo de 50 para aproximadamente 10 litros por segundo, e a cidade de Viçosa, de 100 para aproximadamente 20 litros por segundo.

Bandeira informou que a produção de água na ETA II (Violeira) hoje está em torno dos 100 litros por segundo e abastece milhares de moradores das partes baixas da cidade, entre eles os moradores do distrito de Silvestre e do bairro Santo Antônio. Por meio de uma adutora a ETA II se interliga ao sistema do Saae como um todo, jogando água, se preciso, no sistema da ETA I.

Documentos e informações oficiais da crise do abastecimento d’água foram encaminhados pelo Saae, esta semana, ao Ministério Público Estadual e Federal, que acompanham o caso. Com base nestes documentos, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) está sendo formulado pela justiça e deverá ser assinado pelo Saae e pela UFV. O documento impõe restrições de consumo, também, àquela instituição.

Questionados sobre a falta de ações por parte daquela autarquia, as quais supostamente poderiam ter evitado tais transtornos, seus diretores afirmaram que a estiagem deste ano é das mais severas já registradas no município e que o estado de alerta vigora desde fevereiro de 2014. Eles argumentaram que a capacidade de armazenamento de água no município é muito pequena, que não há uma represa ou lago reservatório, ou seja, a água simplesmente passa pela lagoa, sendo escoada pelas comportas construída para esta finalidade. Para fazer frente a esse problema, foi lembrado que o melhor agora é o município se planejar para investir na produção de água e buscar nova fonte, qual seja, a construção de uma terceira Estação de Tratamento aproveitando águas do Rio Turvo Limpo, na região do Mainarte. A construção dessa ETA III chegou a ser mencionada, cerca de 2-3 anos atrás, numa ocasião em que a cidade esteve ameaçada de falta d’água, mas foi salva pelo fim da estiagem. Sem a ameaça da falta d’água, o Saae não mais falou nesse assunto. Mas, o procurador do Saae, Bento Eustáquio Chiapeta, presente na coletiva desta manhã, mencionou que a obra da ETA III demandaria investimentos da ordem de R$ 20 milhões.

Outra hipótese levantada para enfrentar o problema é o aumento da capacidade de armazenamento, usando-se para isso as duas maiores represas da UFV: a das quatro pilastras e a que fica atrás da Reitoria. As águas dessas duas represas não reúnem hoje condições próprias para serem tratadas, por receberem grande volume de esgoto com acúmulo de material orgânico e proliferação de algas. Comentando essa questão, o diretor do Saae cogitou de se fazer, a longo prazo, estudo e ações para melhorem a qualidade das águas depositadas nesta represas, visando a sua utilização para aumento do volume de água tratada a ser distribuída à população.


O decreto proíbe a utilização de água de rede pública para lavar veículos, calçadas, frentes de imóveis, ruas, encher piscinas, bem como para outras situações que não sejam o consumo humano e caracterizem desperdício e estipula multa no valor de R$ 189,055, correspondente a 5 Unidades Fiscais do Município (UFM). Fiscais do Saae estão sendo designados especialmente para a tarefa de coibir o uso indevido da água.

Segundo o Saae, as unidades de saúde, creches, escolas e prédios públicos, desde que disponham de reservatórios adequados, terão o abastecimento garantido, com o uso de caminhão pipa nos dias de corte de fornecimento.
O diretor do Saae informou também que, além do prejuízo social, o Saae deverá acumular prejuízos financeiros, pois estão prevendo uma diminuição de cerca de 25% na arrecadação da autarquia, com a diminuição do fornecimento de água.

Como será o racionamento  

Abaixo a lista dos bairros e respectivos dias da semana que haverá interrupção do fornecimento de água

Segunda-feira de 7 as 19 horas: Bairro Silvestre, Amoras, Vau – Açu, Floresta, Boa Vista, Marques, Vereda do Bosque e Liberdade.

Terça-feira de 7 as 19 horas: Santa Clara sentido São Sebastião, Morada do Sol, Jardim Europa, Morro do Cruzeiro, Ramos, Rua das Estrelas, Rua da Conceição e Rua Gomes Barbosa, Clélia Bernardes.

Quarta-feira de 7 as 19 horas: Barrinha, Laranjal, Cidade Nova, Grota dos Camilos e Nova Era, Vale do Sol.

Quinta-feira de 7 as 19 horas: Santa Clara sentido Bairro de Fátima e Nova Viçosa.

Sexta-feira de 7 as 19 horas: João Brás, Violeira, Recanto da Serra, Inconfidentes, Sagrada Família, Bom Jesus e Bela Vista.

Sexta-feira das 20 horas até às 8 horas de sábado: Centro, Lourdes.

Domingo, de 7 as 19 horas: bairro Santo Antônio.