CIDADE

Assinado o decreto de tombamento do Hotel Rubim

Fachada e volumetria do imóvel construído em 1919, serão incorporadas ao patrimônio histórico municipal e restauradas durante construção de edifício


Publicado em: 10/06/2022 às 10:56hs

Assinado o decreto de tombamento do Hotel Rubim

Com o aval do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Viçosa, o prefeito da cidade assinou, no último dia 12 de maio, o decreto de tombamento das fachadas e da volumetria do Hotel Rubim, imóvel de estilo eclético construído do início do século XX, localizado na esquina da praça Maestro Hervé Cordovil com a travessa João Carlos Belo Lisboa.

O tombamento acontece três meses após o início da construção de um grande empreendimento no terreno do antigo hotel. Um edifício comercial de oito pavimentos está sendo construído pelo empresário Nelson Fernandes Maciel, que arcou com os custos do dossiê para o tombamento do imóvel e também vai promover sua restauração.

Para Helena Fortes, restauradora de bens culturais e chefe do Departamento de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, o Hotel Rubim faz parte da história de desenvolvimento da cidade e seu tombamento significa a proteção desta história: “O imóvel possui notória importância como um meio de identificação social, por estar localizado próximo a vários outros bens tombados ou inventariados. Aquele local é um centro de referência para a história da comunidade viçosense”, destacou a restauradora.

O Hotel Rubim já constava na lista de imóveis históricos inventariados pelo município. No entanto, é o tombamento que impede que o bem seja destruído, mutilado ou sofra intervenções sem autorização prévia do conselho municipal. O ato do prefeito também pode influenciar no valor do ICMS recebido pelo município, como explica Helena Fortes: “Vamos encaminhar o decreto para o IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) e, após reconhecimento do bem tombado por este órgão, estaremos habilitados para receber ICMS relativo à proteção deste patrimônio”, explicou a chefe do departamento.

 

OBRA 

O alvará de construção do empreendimento no terreno do antigo hotel foi emitido em 2021 pelo Geoprocessamento, Planejamento e Meio Ambiente do Município de Viçosa (Geoplam) da Prefeitura de Viçosa, cerca de 10 anos após a aquisição do imóvel pela construtora Locadora Maciel e Filhos Ltda.

Em 2011, a proposta de construção do prédio, com o tombamento da volumetria do antigo hotel, foi apresentada ao Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Viçosa. O processo tramitou por vários anos e passou na mesa de diversos órgãos, até ser judicializado. Em março de 2021, um acordo foi proposto pelo MPMG e homologado pela Justiça, com a assinatura de todos os órgãos envolvidos no processo.

O acordo homologado pela Justiça prevê o tombamento voluntário da fachada do hotel. É voluntário porque foi proposto pela própria construtora, mas também é uma exigência dos órgãos envolvidos na aprovação do empreendimento.

Todas as portas e janelas originais serão mantidas, inclusive a entrada do novo prédio será pela antiga porta principal do hotel. A restauração da fachada e do telhado do hotel é encarada como um desafio pela construtora. O projeto envolve 14 profissionais das áreas de engenharia civil e arquitetura. “É uma obra arrojada e bastante complexa porque a estrutura que ali está foi construída em outros moldes. A fundação de concreto como hoje conhecemos, por exemplo, é inexistente no local. São tijolos em cima de pedras, por isso temos que fazer com muito cuidado”, destacou Nelson Maciel, que completou dizendo que espera entregar a obra no menor tempo possível e com o mínimo de transtorno à vizinhança.

O edifício contará com mais de 60 salas comerciais, que serão disponibilizadas para venda. O andar térreo será composto por lojas e o segundo andar vai abrigar um centro empresarial, com um auditório para 90 pessoas, além de estrutura para a realização de palestras e conferências. 

O investimento na obra está estimado em cerca de R$ 16 milhões. Mais de 50 operários do ramo de construção civil devem ser mobilizados durante os 2 anos e meio estimados pela construtora para a conclusão do prédio.