CIDADE

Aglomeração na Santa Rita desafia autoridades

Situações como esta, tirando o sossego dos moradores, são registradas mesmo em tempos de pandemia


Publicado em: 14/11/2020 às 07:30hs

Aglomeração na Santa Rita desafia autoridades

O município de Viçosa, até ontem, quarta-feira, 11, já havia registrado 610 casos positivos de Covid-19, sendo 43 ativos, 563 recuperados e 4 óbitos. Todos os 15 leitos de UTIs estavam disponíveis e apenas 1 dos 50 leitos clínicos era ocupado por paciente de outro município.

Apesar disso, a noite do último sábado, 7, foi de intensa movimentação na avenida Santa Rita, centro, com aglomeração de pessoas nas ruas e calçadas, no entorno da área boêmia daquele logradouro.

Um viçosense que passou pelo local na manhã do domingo, 8, entrou em contato com o Folha da Mata e se mostrou indignado com a falta de respeito dos consumidores e a falta de organização de um estabelecimento para oferecer o descarte correto dos resíduos produzidos.

A PMV (Prefeitura Municipal de Viçosa) informou que a ouvidoria recebeu cinco denúncias relacionadas à aglomeração na avenida Santa Rita, no sábado. A Fiscalização esteve nos bares, vistoriando a parte interna dos estabelecimentos e a utilização de equipamentos de proteção individual, constatando que elas estavam sendo cumpridas, bem como o horário de fechamento (meia-noite) e a quantidade de mesas dispostas. 

A Abrasel de Viçosa (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) informou que os quatro bares estão cumprindo as determinações estabelecidas pelo Minas Consciente, que trata do público interno dos estabelecimentos, e são contra as aglomerações, por ser prejudicial ao funcionamento dos mesmos. Segundo a associação, a grande dificuldade é para lidar com o público em pé que ocupa a avenida, por isso foram estabelecidas parcerias com a Fiscalização da PMV e com a Polícia Militar. Além da aglomeração, eles buscam solucionar o problema da perturbação do sossego, já que os estabelecimentos não estão oferecendo nenhum tipo de entretenimento e algumas pessoas comparecem ao local com carro de som e similares.

Já o Saae de Viçosa (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) ressaltou que a responsabilidade da limpeza na região dos bares é dos proprietários, cabendo a eles acondicionar de maneira adequada os resíduos gerados. 

O Bar Norte Mineiro informou que segue todos os protocolos e que atende apenas os clientes que ocupam as mesas e cadeiras, até a meia-noite. Ressaltou ainda que tem uma equipe que realiza a limpeza da frente do estabelecimento e dos locais onde as mesas estão dispostas. A mesma justificativa foi dada pela Lanchonete do Dênis e pelo Maturado Steak House, que destacou que adotou alternativas econômicas e ecológicas para diminuir a geração de resíduos. “Alguns cidadãos não estão dispostos a colaborar com as medidas que os novos decretos impõem, esses mesmos preferimos que não consumam em nosso estabelecimento para que não haja conflitos da permanência deles em nossas dependências”, destacou a administração do Maturado. 

O Bar do Cabelo, por sua vez, informou que realiza a limpeza todos os dias de funcionamento, porém, no sábado em questão, um funcionário, faltou dificultando a limpeza do espaço, que foi feita no dia seguinte, às 9 horas. Segundo a administração, o fato não irá se repetir e o estabelecimento está de acordo com todos os protocolos estabelecidos, além de ter optado por não dispor as mesas nas calçadas.

A Prefeitura de Viçosa permitiu a reabertura parcial dos estabelecimentos em agosto, mas flexibilizações maiores ocorreram com a adesão ao programa Minas Consciente, em setembro.

 

Aglomerar para rezar, não pode

Muitos viçosenses têm questionado sobre as aglomerações que voltaram a acontecer no município, nas últimas semanas. A respeito disso, o secretário de Saúde, Marcus Schitini, informou que o programa Minas Consciente, do Governo de Minas, no final de outubro, passou a permitir eventos abertos com até 500 pessoas, desde que respeitado o distanciamento social de 4m² e o uso de máscara, o que, de maneira alguma, estava sendo respeitado na aglomeração da Santa Rita.

Marcus Schitini explicou que o cálculo do número de pessoas varia para o espaço aberto e fechado (que tem maior chance de propagação do Coronavírus). Segundo o secretário, o Minas Consciente é que regulamenta a capacidade dos espaços e, por isso, o número de pessoas nos templos religiosos diverge da quantidade dos permitidos em um espaço aberto. 

O secretário explicou ainda que uma igreja com capacidade para 700 pessoas, em condições normais, deve respeitar o distanciamento de um metro. Durante a pandemia, as igrejas estão funcionamento com 30% da capacidade, ou seja, poderia receber 210 pessoas. No entanto, o Minas Consciente regulamenta distanciamento de 10m² nos espaços fechados, resultando em templos religiosos com capacidade de 30 pessoas, como na Igreja do Santo Antônio, ou 70, como é o caso do Santuário Santa Rita de Cássia e Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima.