CIDADE

Novo diretor-presidente do SAAE

Eduardo fala sobre os desafios e metas para os primeiros meses de gestão e analisa projetos em andamento. Possíveis mudanças na política de terceirização dos serviços prestados pela autarquia não são descartadas


Publicado em: 22/02/2021 às 16:29hs

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Foto: Arquivo

Eduardo José Lopes Brustolini: Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Por: Jornal Folha da Mata

Eduardo José Lopes Brustolini foi nomeado pelo prefeito Raimundo Nonato Cardoso (PSD) na primeira semana de janeiro. Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Eduardo é viçosense, filho de Hélio Santino Brustolini e Bárbara Lopes Brustolini. Entrou na autarquia como estagiário de engenharia elétrica, em 2010. Depois, realizou concurso público e assumiu, em 2013, a função de técnico em eletroeletrônica. No mesmo ano, assumiu a chefia da seção de Geoprocessamento. No final de 2014, já na gestão do prefeito Ângelo Chequer, Eduardo foi nomeado chefe do setor de Operação, Manutenção e Expansão do Saae, cargo que ocupou até assumir a Presidência.

Folha da Mata: Como você avalia a escolha do seu nome para o cargo de Presidente?

Eduardo: O prefeito Raimundo Nonato buscava um nome de dentro do quadro de funcionários efetivos da autarquia. Conversou com vários servidores, conhecendo o perfil de cada um, e chegou ao meu nome. O convite foi formalizado em dezembro e eu aceitei com muita tranquilidade porque já conheço os processos e o funcionamento da autarquia. Pretendo fazer um bom trabalho.

FM: Nesses poucos dias de gestão, você já conseguiu elencar quais serão seus principais desafios e metas à frente da autarquia?

Sim, nesse primeiro momento a gente vai focar na conclusão de projetos e obras em andamento, como a ampliação  da ETA II (Estação de Tratamento de Água) na Violeira e a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) na Barrinha, inclusive a reconstrução dos interceptores de esgoto que foram danificados ao longo dos anos. Também vamos dar continuidade a uma série de investimentos internos, principalmente visando o controle de perdas de água e energia. Essas perdas acontecem, principalmente, no sistema de distribuição de água tratada e em ligações clandestinas. Nossa taxa de perdas de água potável chega a 35%, por isso é urgente o resgate desses investimentos, como a aquisição de válvulas e medidores para identificar, localizar e interromper essas perdas. Também nos cadastramos em um programa de redução de perdas de energia da Cemig e estamos aguardando o resultado do edital. Na gestão de resíduos sólidos, a ampliação do aterro sanitário e a expansão da coleta seletiva também são prioridades a curto prazo.

FM: Após anos de obras paradas, como você avalia o andamento da construção da ETE Barrinha? O funcionamento será imediato após a conclusão?

Essa é a maior e mais importante obra de saneamento básico de Viçosa e estamos atentos a cada medição. A empresa é boa, tem cumprido o cronograma de execução, que está com 33% de conclusão. O recurso para a obra está garantido, então não trabalhamos com a hipótese de novas interrupções. Quando ficar pronta, os 3 primeiros meses de operação serão da empresa, isso está no contrato. É um período de testes, adaptações, e uma forma de garantir a efetividade do tratamento antes do Saae assumir a operação com seus servidores. Também vamos iniciar, a curto prazo, a reconstrução e construção dos interceptores que faltam para levar o esgoto da cidade até a ETE. São obras caras e, para reduzir os cursos, pretendemos utilizar mão-de-obra própria da autarquia. Outro projeto cujos estudos já estão avançados é a construção de uma ETE na região de São José do Triunfo. A proposta visa melhorar a qualidade da água do Rio Turvo Sujo, de onde retiramos a água para tratamento de grande parte da cidade. É uma obra de saneamento importante que, além da consciência ambiental, vai ainda baratear os custos do tratamento na ETA II, que fica logo abaixo no curso do rio, na Violeira.Para essa obra, vamos buscar recurso de emenda parlamentar.

FM: Diante da alta produção de lixo na cidade e a capacidade limitada do aterro sanitário, quais medidas você pretende tomar para prolongar a vida útil do aterro?

O aterro passou por diversos investimentos nos últimos anos e está previsto, no Plano de Manejo de Resíduos Sólidos, a ampliação do espaço. Já temos contrato assinado com a UFV e vamos iniciar essas obras em breve. Além disso, já aumentamos bastante, mas precisamos aumentar ainda mais a porcentagem de resíduos sólidos recicláveis que deixam de ir para o aterro. Vamos ampliar a coleta seletiva para o máximo de bairros possível e os contratos com as associações de catadores serão constantemente renovados e ajustados.

FM: Qual a sua visão sobre terceirização dos serviços da autarquia e qual avaliação faz das últimas medidas tomadas nesse sentido?

Nossa intenção é revisar a terceirização. A gente avalia que não foi benéfico a extinção de alguns cargos durante o processo de terceirização, por isso pretendemos revisar o Plano de Cargos e Salários, voltando com os cargos que consideramos essenciais e que devem permanecer ocupados por servidores efetivos da autarquia. Nós podemos sim utilizar serviços terceirizados, como a frota de caminhões da coleta, que foi benéfica para o Saae, mas o que nós queremos é valorizar e atualizar o quadro próprio do Saae. Já temos um processo seletivo em andamento e, em breve, vamos precisar realizar concursos públicos.

FM: Testemunhamos, nos últimos anos, um importante marco na questão hídrica que foi a inversão da dependência das ETAs no que diz respeito ao abastecimento da cidade. Com o avanço das obras de ampliação da ETA II e o projeto de construção da ETA III, qual o futuro da ETA I, no Bela Vista?

A ETA I tem função estratégica dentro do sistema de abastecimento e não está nos nossos planos desativá-la. As obras de ampliação da ETA II ainda possuem várias etapas e, mesmo que ela alcance a capacidade máxima de tratamento, a ETA I, devido à sua localização e custo de operação, é a que possui estrutura para a promover a distribuição dessa água. Por isso, vamos dar continuidade ao projeto de interligação das duas estações e, em breve, esperamos poder construir essa adutora virgem que vai trazer água tratada da ETA II para a ETA I, de onde será distribuída para os bairros da região Bom Jesus/Fátima. Com o término das obras na ETA II, a capacidade de tratamento chegará aos 220 litros por segundo. Hoje ela trata 160. Já a ETA I, no Bela Vista, está tratando 80 litros por segundo. Viçosa precisa, em média, de 190 litros por segundo para garantir o abastecimento normalizado dentro do padrão de consumo atual. O projeto de construção da ETA III está evoluindo, mas é uma obra a ser executada a longo prazo.

FM: O Saae possui orçamento para todos esses investimentos necessários? Há previsão de reajustes de taxas?

A gente tenta trabalhar dentro do nosso orçamento, que é muito limitado. Porém, os investimentos são feitos de forma inteligente e estratégica, como por exemplo o já citado programa de redução de perdas. Para obras grandes, vamos buscar, junto com a Prefeitura, recursos em outras esferas, emendas parlamentares e financiamentos. A respeito de reajustes para os consumidores, há sim uma solicitação em avaliação no Cisab, que é o ente regulador. Entregamos documentos que comprovam aumento nos custos operacionais e justificam o reajuste e estamos aguardando a análise.

FM: No ano passado, a população se assustou com as ocorrências de fornecimento de água fora do padrão de turbidez, a tal água amarela, que o Saae já explicou as causas e apontou a solução. O problema foi resolvido? 

Sim, fizemos várias mudanças no sistema de tratamento e distribuição, ajustes químicos e estruturais, que vão garantir que esse problema não ocorra mais. É inclusive uma determinação do prefeito Raimundo Nonato, que não poupemos esforços para garantir a qualidade da água até a residência dos viçosenses. O Saae não registra ocorrências de água fora dos padrões de turbidez desde dezembro, mês em que somente dois casos pontuais e isolados foram registrados.

FM: O novo diretor-presidente do SAAE tem alguma mensagem aos viçosenses? 

Quero agradecer a oportunidade, me colocar à disposição e dizer que o Saae, como uma empresa pública de saneamento ambiental, vai zelar pela qualidade de seus serviços, desde a produção de água até o tratamento do esgoto e destinação dos resíduos sólidos.