CIDADE

NAS MÃOS DO CALANGO

Dionísio Ladeira


Publicado em: 17/05/2021 às 10:35hs

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    Se a UFV cresce, Viçosa agiganta-se. Se ela fica como está, Viçosa estabiliza-se. Se a sufocam, Viçosa apequena-se. Tal é a dependência. E a UFV está sendo sufocada, orçamentariamente. O reitor Demétrius encontrou-a no tal teto de gastos, invenção do golpista Temer. Não bastasse, Bolsonaro fez, em 2019, um contingenciamento que a afetou. E o temeroso teto vai sendo rebaixado mais por Bolsonaro: em 2020, os recursos minguaram-se em 10,75%, em relação a 2019. E, neste ano, a tesoura de Guedes levou-lhe 18,6% do que foi a apequenada previsão para o ano passado. Enquanto o IGPM – índice que corrige boa parte de suas despesas – em 2020, variou 23,14%... 

    Daí, a UFV, uma das poucas – só 2,2% – das universidades avaliadas pelo MEC com a nota máxima, ter que reduzir atividades, monitoramentos, estágios e terceirizações e reavaliar contrações. Tudo atinge a qualidade de seu desempenho. Avalie, também, leitor, o reflexo sobre a economia viçosense. Não bastasse a pandemia...

Mas é toda a Educação brasileira que está afetada. Um exemplo é a queixa de Evaldo Vilela, em relação ao CNPq, por ele presidido: “Perderemos R$ 114 milhões. Isso é uma tragédia!” Frustra-se a ciência. Que decorre de educação de qualidade, que produz tecnologia, que gera riqueza. Argumenta-se que as universidades atenderiam privilegiados, mas muitos estudantes têm perfis socioeconômicos iguais aos encontradiços em nossa cidade (Lula, Lula...). E que pouco contribuiriam para o Brasil. Não mensuram o ganho proporcionado pela ciência e pelas mudanças culturais delas exaladas (Ah! As Forças Armadas, em vez de perderem, ganharam R$ 8,32 bi).

Bolsonaro começou seu (des)governo, nomeando Vélez Ministro da Educação. Em três meses, o colombiano, que andou por Juiz de Fora, opôs-se às facilidades que Lula criou para os pobres terem acesso ao ensino superior: “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual.” Sucedeu-o Weintraub, guerreiro contra as universidades: promoveriam balbúrdia nos campi, possuiriam plantação de maconha e laboratórios de drogas. Enquanto o próprio ‘mito’, conhecedor de poucas palavrinhas e de muitos palavrões, condenava, no básico, o material didático encontrado: tem “muita coisa escrita”. Educação virou palanque para discurso ideológico...

Pode-se perceber – alguns ‘vivas’ – à Educação, saindo do olavista-desastre Vélez/Weintraub. O Ministro Milton Ribeiro, vindo a Viçosa, conheceu a pujança da UFV e pode levar para Paulo Guedes (outro opositor do pobre nas universidades, pois lamenta que “o Fies bancou até filho de porteiro”) avaliação de quanto foi ridícula a ideia de municipalizá-la. Pena pensar que “o MEC deve seguir visão educacional de Bolsonaro.” Visão o quê? De quem?

Aqui, o Ministro fez duas promessas: a de ajudar a UFV na recomposição de seu orçamento e – talvez a mais difícil de cumprir – vir pegar Raimundo para levá-lo, de avião, à Brasília. Como fazer Violeira subir naquele ‘trem’?...