CIDADE

MEIO DIFÍCIL

Dionísio Ladeira


Publicado em: 30/04/2021 às 08:44hs

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Dionísio Ladeira

 A Viçosa de Arlindo Gonçalves e da ciência florestal tem amor à árvore. Sentimento que transcende à beleza e alcança o meio ambiente. Afinal, ela aspira o gás carbônico e – maravilha! – devolve-nos oxigênio! Daí a importância da imensa Amazônia, para o clima mundial. Entretanto, a queima e o abate a vêm reduzindo, com o passar da ‘boiada’. Uso da estratégia adotada, há um ano, por Salles de abusar de nossa preocupação com o Covid (apesar de pedidos de ambientalistas, do Tribunal de Contas e políticos, Bolsonaro ainda o mantém Ministro). O Instituto do Homem e Meio Ambiente informa que a destruição totalizou 810 km² em fevereiro. Se o governo diz do “orgulho de conservar 84% de nosso bioma”, o contradiz o Observatório do Clima: já desmatamos 20% da floresta ...

    Dezenas de líderes acabam de tratar do cenário, em que esse problema se insere, na Cúpula do Clima. Guterres, Secretário-Geral da ONU, deu o tom: “Nós precisamos de um planeta verde, mas estamos em alerta vermelho, à beira do abismo.”  Biden planeja reduzir as emissões de gases do efeito estufa dos EUA em 50%. O chinês Xi Jinping promete em 2060 seu país passando do “pico do carbono para carbono zero.” O canadense Trudeau compromete-se a zerar as emissões até 2050. Ano mágico: outros vieram na mesma toada. E o Papa Francisco pergunta, desconfiado: “Existe uma verdadeira vontade política para destinar recursos humanos, financeiros e tecnológicos a fim de mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas e ajudar as populações mais pobres e vulneráveis?” 

    Os olhos de todos, no entanto, estavam arregalados para Bolsonaro. Afinal, em relação à Amazônia, o mundo conhece o desempenho do Capitão. Principalmente depois que se encrencou com o líder francês Macron, quando este, em 2019, disse que “a floresta amazônica – os pulmões que produzem 20% do oxigênio do nosso planeta – está em chamas.” E a reação do governo brasileiro foi deprimente. Chegou-se ao nível de se comparar as belezas de Brigite com Marcela, primeiras-damas, e com o ‘03’ de Bolsonaro, ainda candidato a embaixador, o chamando de ‘idiota’ e o incrível Weintraub, então Ministro da EDUCAÇÃO emendando: ‘cretino!

Agora nosso Presidente quis surpreender. Jurou ‘fortalecer’ os órgãos ambientais, duplicando recursos para fiscalização (embora fechasse a semana cortando deles 27,4%!). Prometeu “neutralidade climática” até 2050. Mas quer um bilhão de US$, a título de “justa remuneração por serviços ambientais prestados.” Ainda que não tenha dissipado a desconfiança que levou a Noruega e a Alemanha a congelarem doações milionárias, ao virem que o Ministro Salles transferia, na contramão, os recursos captados para proprietários de terras... 

Apesar de as metas serem políticas de estado, é difícil dissociá-las do formulador. Vários a fizeram para 2050. 

Inclusive Bolsonaro que, se vivo, sopraria 95 velinhas. E Salles, aos 75, já estaria contando sua boiada...