CIDADE

LIÇÃO D’ANTANHO

Deonísio Ladeira


Publicado em: 07/06/2021 às 10:27hs

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Não sei a quantas anda a CPI da ETE-Barrinha, ainda que o ideal seria tudo acompanhado pela população. Tal como na federal CPI da Covid, cujas revelações vão minando as pretensões de Bolsonaro ser reeleito. A validade das investigações nativas este espaço já enalteceu. O viçosense, preocupado com os atrasos e o consumo de seus impostos no projeto, precisa saber, por meio dos vereadores, além de outros fatos, as razões do pára-e-anda das obras. Que, factíveis em dois anos, gastarão, pelo menos, onze. A partir de seu primeiro tijolo, que o Presidente da CPI diz ter sido levantado em 2011.

Pelo que se sabe das paralisações, alguma coisa pode ter a ver com o que, quando reinava Luis XIV, Sebastien le Preste comentou ao Ministro Michel le Tellier:

    “Parte das obras realizadas nos últimos anos não foi concluída e nem tampouco o será proximamente. E Isto se deve, Senhor, ao constante aviltamento dos preços de vossas licitações, já que essas contínuas rescisões de contratos, falta de cumprimento das obrigações e repetição de licitações só podem atrair como empreiteiros os miseráveis que não têm o que fazer, aos aventureiros e aos ignorantes, e afugentando aos que realmente têm meios e capacidade de construir um empreendimento.

    Sustento, ademais, que elas retardam e encarecem consideravelmente as obras e que só são prejudiciais, já que esses abatimentos pleiteados e concorrências são de validade imaginária ao se considerar que provêm de empresários que procedem como alguém que está se afogando e que se agarra a qualquer coisa.

    Pois bem, agarrar-se a qualquer coisa em matéria de empresários significa não pagar aos fornecedores de materiais, pagar mal aos operários, cansar a todos, empregar os piores, pois estes se oferecem a salários mais baixos, utilizar material de má qualidade, pleitear por qualquer coisa e pedir misericórdia a todo mundo.

    O que escrevo creio que baste, Senhor, para fazer-vos ver a imperfeição de tal política; abandonai-a, pois, pelo amor de Deus. Restabelecerá a boa-fé, impondo o verdadeiro custo das obras, e não negueis a justa remuneração ao empresário que é capaz de assumir a sua responsabilidade.  Este será sempre o melhor negócio que podereis realizar.”

“Utilidade da História”, diria o meu ‘patrão’ – de brincadeira velha – e velho amigo Pélmio – de verdade... São conselhos de quando à futura Viçosa talvez nem tivessem chegado os Purus e as onças bebericavam límpidas águas do hoje São Bartolomeu. Licitante não pode esconder custos para suplantar concorrentes, na fé de que eles, em aditivo, serão reajustados.

Uma proposta de menor preço deve atender a critérios técnicos bem especificados. Daí, todos os cuidados com os editais! Para que o barato não saia caro e demorado. Seria o caso da nossa reclamada ETE, boa gente da CPI?