CIDADE

Cirene faz 102 anos

Artigo escrito por Dionísio Ladeira


Publicado em: 07/01/2022 às 14:47hs

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Cirene nasceu no Fundão. Hoje São José do Triunfo. Filha do dentista Joaquim Leandro e da professora D. Argina. Já estudava na Escola Normal quando se mudam para Viçosa e vêm morar na Praça. Ali onde hoje é o Santuário.

Em 1934 – ninguém lembra – já é Secretária no Patronato onde trabalha até aposentar-se. Depois é que foi ser professora de OSPB mais Higiene e Puericultura na Escola Normal e passa a escrever uns textos gostosos para os jornais locais, sob o pseudônimo de Norah. Publicou dois excelentes livros: SAUDADE EM DOIS TEMPOS – já em segunda edição – e PÁGINAS PARA SEREM LEMBRADAS.

Teve seis filhos: cinco homens e uma mulher, contribuindo para a inflação de homens na praça.

E o Chico Alves:

- Juro que nessa não pensava...

Como todo primeiro filho, Zé Carlos foi o cobaia da mamãe inexperiente. Um dia estava absorta costurando enquanto o primogênito brincava no quintal cuja divisa com Zé Costa se fazia por um alto muro apenas entijolado e cheio de gretas. Quando ela se dá conta do garotinho, ele está já bem lá em cima do muro, com a boca toda suja de ovos de lagartixa, que o danadinho foi apanhando e comendo...

Apavorada, Cirene pega o Zé Carlos, corre com ele para o consultório do Dr. José de Castro, passa na frente de todo mundo, repetindo: “Caso de emergência!” “Caso de emergência!” e vai assustar o paciente médico:

- Comeu ovo de lagartixa e está subindo na parede! 

Ao perguntar-lhe qual o filho predileto, veio-me com Erma Louise Bombeck, colunista americana: “É o meu filho doente, até que sare. O que partiu, até que volte. O que está cansado, até que descanse. O que está com fome, até que se alimente. O que está com sede, até que beba. O que estuda, até que aprenda. O que está com frio, até que se agasalhe. O que não trabalha, até que se empregue. O que namora, até que se case. O que se casa, até que conviva. O que é pai, até que os crie. O que prometeu, até que se cumpra. O que deve, até que pague. O que chora, até que cale.”

E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou: “O que já me deixou... até que o reencontre...”