CIDADE

CARTÃO DE VISITA

Dionísio Ladeira


Publicado em: 24/05/2021 às 09:42hs

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Os vereadores querem mostrar suas credenciais. Presididos pelo único reeleito, já acertaram ao devolver ao Executivo o Plano Diretor, enviado à casa por Ângelo entre seus últimos cafezinhos como Prefeito. Substituía outro reprovado, com ‘estranhíssimos’ (coloque, por favor, maldade no adjetivo) votos da base de quem o encaminhara. E com votos favoráveis da oposição! Que as imperfeições sejam corrigidas, sob a melhor técnica. E com urgência ‘urgentíssima’ para evitar a perpetuação dos efeitos danosos do descumprimento, mais que decenal, de prazo. E que Raimundo não ‘sente em cima’ do documento, como o fez, em igualíssima situação, em sua gestão passada, começando o ilegal atraso na atualização.

Agora, no mesmo diapasão, os edis formaram comissão parlamentar para investigar o processo licitatório e a execução das obras da Estação de Tratamento de Esgotos da Barrinha. A missão dessa CPI é apurar o que está levando atrasos e consumo de mais recursos no projeto, cuja conclusão é de interesse da saúde pública. E, identificando culpados, buscar as responsabilizações.

A ETE-Barrinha constou do Plano Diretor de Esgotos Sanitários de 1997. Aguardada para tratar 90% dos esgotos da área urbana, só teve projeto em 2012, contratado por Celito à SARSAN. As obras, iniciadas em 2014, foram paralisadas no mesmo ano, após a identificação de problemas e a construtora JRN, contratada por cerca de R$ 16 milhões, transferindo as culpas para a SARSAN e querendo reajuste, abandonou os serviços. A DESPRO teve a incumbência de rever todo o projeto e indicou a necessidade de demolição das estruturas já construídas. O que foi feito pela Maciel e Simplício Construções, ao custo de R$ 97.000,00. O prejuízo estimado pelo SAAE foi de R$2.754.356,24. Enfim, a Perfil Engenharia Ltda ganhou licitação, há dois anos, para reiniciar os trabalhos, paralisados desde 2014, e operar a Estação nos primeiros três meses de funcionamento, no início do ano que vem. O valor do contrato - R$ 17,6 milhões - foi objeto de recente reivindicação de reajuste, em razão de aumento nos valores de cimento e ferragens. Os serviços são fiscalizados pela Fraga Marques Engenharia, por R$ 468 mil.  

O historiado aborda apenas alguns fatos, valores e circunstâncias que, por si só, já justificariam a investigação. Que o quinteto designado a faça com paixão pelo trabalho, isenção política, destemor, objetividade e o imprescindível rigor técnico. Esperamos da CPI prova de que o legislativo viçosense não é mero expectador e é robustamente capaz de exercer uma de suas funções: a fiscalizadora. Supra-nos a falta de ótimos antecessores que preferiram disputar a chefia do poder executivo: Idelmino, Sávio e Brenda.

A CPI nativa funciona ao mesmo tempo da federal CPI da Covid, que já elevou a temperatura política, na tendência de responsabilizar Bolsonaro por atos e omissões, ante o já apurado. Ao que a turma do Capitão responde, cavoucando o passado do relator Renan Calheiros. Um ‘vagabundo’, dizem pai e filho Bolsonaro. O que não invalida a investigação, a cargo de 18 senadores...